Para divulgar a notícia a senadora e ex-prefeita de São Paulo concedeu uma entrevista à revista Veja

 Depois de 33 anos, Marta Suplicy deixa o PT.
 (Foto: Luiz Maximiano - Veja)
Nesta terça-feira, 28, a senadora por São Paulo, Marta Suplicy, formalizou seu pedido de desfiliação do Partido dos Trabalhadores. Nesta semana também está nas bancas a revista Veja que traz entrevista da ex-prefeita e ex-ministra pelo PT.
A escolha da publicação para dar uma entrevista falando de sua saída do partido não podia ser mais adequada. Veja é a principal, mas não a única, porta-voz dos golpistas e Marta busca justamente a oposição de direita para filiar-se.
Em busca de um partido para concorrer à prefeitura de São Paulo em 2016, Marta disse ter sido procurada por um bloco de partidos que inclui PSB, PP, PPS, Solidariedade e PV. Segundo ela, as “conversas estão mais avançadas com o PSB”.
A manchete da entrevista poderia ser usada em qualquer matéria, assinada ou não, da própria revista ou por algum líder do PSDB-DEM: “O PT traiu os brasileiros”.
Na entrevista ela critica Dilma e seu governo e se diz amiga pessoal de Lula.

O PT já anunciou que vai buscar a Justiça para não perder a vaga no Senado.
A gota d’água
Marta Suplicy, como os ratos que abandonam o barco quando ele começa a afundar, está deixando o partido supostamente por questões éticas, mas reconhece, não teria como esconder, que não gostou de ser preterida no partido nas eleições de 2012 e 2014, quando Fernando Haddad e Alexandre Padilha foram escolhidos pelo partido para serem, respectivamente, candidatos a prefeito e governador.
Ela mesma diz que a gota d’água foi “a escolha do Fernando Haddad para ser candidato à prefeitura de São Paulo, em 2012, foi muito difícil para mim... Antes já tinha sido praticamente abandonada na minha eleição para o Senado. Ganhei com enorme dificuldade. O PT fez campanha muito mais forte para o candidato Netinho do que para mim... Em 2014, meu nome nem foi cogitado para a corrida ao governo de São Paulo”.
O oportunismo eleitoral e aliança com os setores mais conservadores é o que está por detrás da máscara da defesa da ética.
PT de classe média
Marta se orgulha de ter dado uma cara de “classe média” para o partido e condena o PT por “interesses corporativistas”, de sindicalistas; exatamente o que, condenava na época da fundação do partido, muito operário e sindicalista.
Na fundação do PT essa era uma disputa fundamental. Setores como Causa Operária defendiam que o partido deveria ser fundado a partir dos sindicatos, e não com base figuras da pequena-burguesia, intelectuais etc.
O mensalão
Questionada sobre por que deixar o PT agora, já que outros escândalos já foram “protagonizados pelo partido” como o caso do mensalão, Marta diz que “a decepção foi tremenda. Não foi fácil ver os integrantes da cúpula do partido na prisão. Discordo da maneira pública pela qual eles foram julgados e sentenciados. O processo judicial pode ter sido perfeito, mas a humilhação pública que eles sofreram não se justifica. Por essa razão eu não me manifestei durante o julgamento do mensalão... eu percebo também que a cúpula se fechou e, cercada por interesses corporativistas de certos movimentos sociais e sindicalistas, trabalha apenas para se manter no poder”.
É um “Fora Dilma” disfarçado. Sobre o impeachment ela respondeu como outros da oposição, “não vejo fato objetivo para buscar essa saída”. Ou seja, só falta o “fato objetivo”. Mas é para isso que estão em andamento a Operação Lava Jato e outras medidas, como as do Tribunal de Contas da União (TCU) a respeito das “pedaladas fiscais” e a investigação no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) de “abuso de poder econômico e político nas eleições de 2014” pedido pelo PSDB.

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