PARA A ETERNIDADE - Texto: José Roberto (filho)

PARA A ETERNIDADE.

Gostaria de registrar aqui meu profundo pesar pela despedida de minha querida Mãe Maria das Dores Neves Ferreira, a quem carinhosamente chamava de Dona Maria.

Mulher extremamente íntegra, guerreira, batalhadora. Nascida em 12 de setembro de 1.939, no sítio Zabelezinho, Paraíba. Ao 17 anos casou-se com João Ferreira Neto, vindo para São Paulo tentar a vida na cidade grande.

Trabalhou arduamente em empresas de tecelagem, e com muito suor e sacrifícios construíram a residência que abrigaria sua família por cerca de 60 anos.

Teve três filhos, Marinalva, nascida em 1959, eu José Roberto, nascido em 1964 e Donizete nascido em 1970.

Mesmo após a saída do emprego por conta do nascimento dos filhos, continuou trabalhando bravamente para dar o de melhor para os mesmos. Inicialmente como vendedora de produtos Avon, quando saia para o seu trabalho cedo, caminhando o dia todo, deixando os filhos em casa aos cuidados da primogênita Marinalva.

Nesse período separou-se de João Ferreira Neto, assumindo sozinha o controle da família.

Mesmo assim, nada nos faltou, pois presenciamos desde cedo ser uma ótima profissional em qualquer atividade que exerceu. Ganhadora de inúmeros prêmios da empresa AVON, pela excelência do seu trabalho como vendedora e líder de equipe.

Posteriormente, passou a trabalhar na área de móveis, inicialmente como vendedora na loja de móveis de Abrão Obed, pessoa igualmente íntegra com o qual criamos enorme vínculo de amizade, ao ponto de tornarmos famílias irmãs de coração, pois considero os filhos de Abrão Obed como meus irmãos, devido aos laços de amizade calcados entre nós.

Logo passou a ter o seu próprio negócio de Móveis, onde como sempre, trabalhou com grande bravura e dedicação, agora com a ajuda de seus filhos Donizete e José Roberto, onde ali estavam aprendendo a importância do trabalho para se ter uma vida melhor.

Como o passar do tempo , seus filhos foram se casando e se estabelecendo setor comercial, vejam que sempre acompanhando os traços da mãe, Dona Maria, e com a dedicação que aprenderam com a mesma, sempre tiveram sucesso nos negócios que empreenderam.

Com os filhos já crescidos e estabelecidos, Dona Maria passou dedicar-se às prendas do lar, porém, sempre ajudando os mesmos em seus negócios, pois os acompanhava dando-lhes apoio em seus empreendimentos. Mercado Vida Nova, Mercado Bela Casa, Mercado Nota 10, Mercado Caravelas, e finalmente Mercado Rapi10, este no qual trabalhou bravamente, por cerca de 13 anos. Acredita-se de boa parte do sucesso dos empreendimentos deve-se a simpatia, dedicação, orientação, profissionalismo, liderança e garra de Dona Maria, com o qual, trabalhou ao lado de seus filhos por cerca de 30 anos sem pedir nada em troca, apenas pelo prazer de ver estes felizes e bem sucedidos.

Graças a Dona Maria me formei em Direito em 2.016, e dedico tudo que sei e o que sou a ela, a qual apesar de não ter completado o primeiro grau, me ensinou o que há de mais importante na vida, o trabalho, a honestidade, a integridade, a alegria, a vontade de viver, a família, a amizade, coisas que nem a melhor universidade do mundo consegue ensinar.

Dona Maria, a toda sempre foi amada por todos, pois estava sempre alegre, feliz, divertida, disposta a ajudar quem precisar, viveu intensamente, aproveitou tudo que vida tem de melhor.

Aos 80 anos foi merecidamente presenteada com o espetáculo de seu maior ídolo, o cantor Nilton César, com o qual criou grande vínculo de amizade, apaixonando-se pela simplicidade da estrela de música brasileira.

Nós que acompanhamos a trajetória de Dona Maria até os 81 anos, podemos dizer que sempre foi pessoa extremamente guerreira, trabalhou bravamente até os 80 anos, quando foi acometida por enfermidade grave, porém, jamais desistiu de viver. Lutou ferozmente contra a doença, nunca desistiu, submeteu-se a todo e qualquer tipo de tratamento, respirou com toda a força e vontade até o último suspiro, porém, suas forças não foram suficientes para combater o mau, vindo a nos deixar na madrugada de 25 de novembro de 2.020.

O legado deixado por Dona Maria, minha mãe, será insubstituível. Quero prosseguir minha vida para me espelhar nela, trabalhar arduamente até o fim da minha vida, buscar sempre a felicidade, errar, acertar, viver, lutar, e como ela, apaixonar-se aos 80 anos, e ao fim dos meus tempos, respirar com toda a minha força possível para viver, assim como presenciei no último dia 24 de novembro, até o último suspiro.

Temo que daqui para frente as coisas vão ficar muito difíceis para mim, pois sempre que estava angustiado e inseguro foi ela a pessoa que procurava para me apoiar e me reerguer.

Era quem me compreendia, me aconselhava e me apoiava nas minhas decisões, as vezes eu acertava, as vezes errava, mas sempre tive seu apoio pois sabia que viver é aprender, e que precisamos viver para ser felizes, lutar para conquistar nossos objetivos, amar quem tem que ser amado, errar e acertar, acertar e errar, e nunca desistir de viver e ser feliz, até o último suspiro.

Do seu tímido filho José Roberto que a amava do todo o coração, fica aqui esse registro, que seja guardado para a eternidade.